O Parlamento Europeu declarou a Rússia como um Estado patrocinador do terrorismo, no dia 23 de novembro. A decisão deveu-se aos crimes de guerra que têm vindo a ser cometidos desde o início do conflito com a Ucrânia.
O Parlamento Europeu declarou a Rússia como “um Estado patrocinador do terrorismo” e que “utiliza métodos do terrorismo“, na sequência dos atos de violência perpetuados pelo regime russo em solo ucraniano, desde 24 de fevereiro de 2022.
A proposta de resolução, apresentada pelos Reformistas Europeus (ECR), dominado pelo Partido Lei e Justiça (PiS) da Polónia, foi aprovada na passada quarta-feira, 23 de novembro, por 494 votos a favor, 58 contra e 44 abstenções. Entre os eurodeputados portugueses que votaram, há dois comunistas portugueses que votaram contra e entre os que se abstiveram há quatro socialistas e dois bloquistas.
Em comunicado, o Parlamento apela à União Europeia (UE) e aos seus 27 Estados-Membros para que criem o quadro jurídico adequado e considerem a possibilidade de acrescentar a Rússia à lista de Estados que incitam o terrorismo. A medida foi um ato simbólico, já que o Parlamento Europeu ou a União Europeia não podem designar oficialmente Estados como patrocinadores de terrorismo.
“Durante a guerra contra a Ucrânia, o exército russo intensificou os ataques a alvos civis, incluindo infra-estruturas energéticas, hospitais, serviços de assistência médica, escolas e abrigos, violando o direito internacional e o direito humanitário internacional. Ao declarar a Rússia como um Estado patrocinador do terrorismo, os eurodeputados querem preparar terreno para que Putin e o seu governo sejam responsabilizados por estes crimes perante um tribunal internacional”, pode ler-se no site, na que acompanhou o anúncio da votação.
Segundo o Parlamento Europeu, a classificação da Rússia como já tinha sido assumida por alguns países internamente, como é o caso Estónia, Polónia, Letónia e Lituânia. Por outro lado, o Governo dos Estados Unidos descartou classificar a Rússia como um país “patrocinador do terrorismo”, alegando que poderia ter “consequências indesejadas”, quer para a Ucrânia, como para o resto do mundo.

Fonte: Instagram Oficial do Parlamento Europeu. Link: https://www.instagram.com/p/ClUAVMSo8OT/?utm_source=ig_web_button_share_sheet
Com esta votação, os eurodeputados pretendem que querem que os laços diplomáticos com a Rússia sejam reduzidos e que os contactos da UE com representantes oficiais russos sejam mantidos ao mínimo absoluto. Os eurodeputados também querem que os países da UE previnam, investiguem e julguem ativamente qualquer evasão às sanções em vigor.
O Parlamento Europeu pede, ainda, à UE para que isole ainda mais a Rússia internacionalmente, incluindo quando se trata da adesão da Rússia a organizações e organismos internacionais. A resolução apela ainda aos Estados-membros da UE para que concluam rapidamente o seu trabalho no Conselho sobre um nono pacote de sanções contra Moscovo.
I welcome @Europarl_EN decision to recognize Russia as a state sponsor of terrorism and as a state which uses means of terrorism. Russia must be isolated at all levels and held accountable in order to end its long-standing policy of terrorism in Ukraine and across the globe.
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) November 23, 2022
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, manifestou no Twitter a sua satisfação com a decisão tomada pelo órgão legislativo da União Europeia.
Por cá, o dirigente socialista Porfírio Silva condena a resolução aprovada na quarta-feira pelo Parlamento Europeu que qualifica como “um erro político grave” que coloca obstáculos a possíveis caminhos diplomáticos.
A resolução do Parlamento Europeu dividiu esta semana os eurodeputados do PS, com quatro dos nove (Margarida Marques, Maria Manuel Leitão Marques, Isabel Carvalhais e Isabel Santos) a absterem-se, enquanto os restantes cinco votaram a favor, seguindo a linha maioritária entre os socialistas europeus (S&D).
🚨The availability of @Europarl_EN website is currently impacted from outside due to high levels of external network traffic.
This traffic is related to a DDOS attack (Distributed Denial of Service) event.
EP teams are working to resolve this issue as quickly as possible.— Jaume Duch (@jduch) November 23, 2022
Depois da resolução ter sido aprovada, no mesmo dia o site da instituição da UE foi alvo de um ciberataque, reivindicado por um grupo “pró-Kremlin”.
O porta-voz do Parlamento Europeu, Jaume Duch, escreveu no Twitter que “a disponibilidade do site do Parlamento Europeu está atualmente afetada por elevados níveis de tráfego de rede externa”, garantindo tratar-se de um “ataque” cibernético.
A presidente da instituição, Roberta Metsola, acusou o grupo “pró-Kremlin” de ter cometido “um ciberataque sofisticado” e respondeu escrevendo “Glória à Ucrânia”. O site do parlamento voltou a funcionar pouco depois das 17h de quarta-feira (23).
Para alguma correção ou sugestão relacionada com o artigo, pode contactar: inessilva0803@gmail.com
Por Inês Silva