A vice-campeã olímpica em Tóquio conquistou em 03 de novembro o título inédito brasileiro durante o Mundial de Liverpool, consagrando-se Campeã Mundial no Individual Geral de Ginástica Artística.
Foi novamente ao som de Baile de Favela que Rebeca Andrade subiu ao degrau mais alto do podium e trouxe pela primeira vez ao Brasil o mais importante título do campeonato: Ouro no Individual Geral de Ginástica Artística. Acumulando um total de 56.899 pontos, Rebeca conquistou uma distância de um ponto e meio da americana Shilese Jones, segunda colocada. Competindo em casa, a britânica Jéssica Gadirova ficou com a medalha de bronze.

Rebeca Andrade conquista ouro inédito para o Brasil – Foto: Ricardo Bufolin/CBG
– Foi o trabalho todo da minha equipe multidisciplinar. Trabalhamos muito duro. Estou orgulhosa de mim. Sei o quanto trabalho para chegar aqui. Estou muito feliz. Eu não gosto de pensar no que as pessoas estão fazendo, e sim no que tenho que fazer. Na hora da série não preciso inventar nada novo, é algo que treinei, boto minha concentração nisso, respiro fundo e faço a ginástica que eu sei – disse a campeã mundial.
A prova de Rebeca começou no aparelho que a brasileira já havia feito história em 2021. Já campeã olímpica e mundial do salto, Rebeca realizou a sequência de maior dificuldade realizada no Mundial de Liverpool. Com um alto Cheng, a brasileira conseguiu um 15.166, a maior nota do aparelho.
Veja aqui: Salto de Rebeca Andrade
O segundo aparelho foram as barras assimétricas onde Rebeca é vice-campeã mundial. Embora tenha tido uma falha durante a parada de mão, conseguiu a recuperação e saiu com a nota 13.800, a quinta maior. Mesmo com nota menor do que ela esperava, Rebeca permaneceu na primeira colocação na classificação geral.

Rebeca durante sua serie nas barras assimétricas – Foto: Ricardo Bufolin/CBG
No aparelho de menor intimidade da brasileira, Rebeca foi a primeira a se apresentar na trave. Com acrobacias mais precisa se comparadas às das classificatória, Rebeca fez a terceira maior nota do aparelho, 13.533, e abriu oito décimos da americana Shilese Jones, a segunda colocada.
Em sua última performance, Rebeca brilhou no solo com sua tradicional série ao som de Baile de Favela. Levantando o público, a vice-campeã olímpica conseguiu 14.400 pontos, a segunda maior nota do solo. A última nota nem havia saído e os brasileiros que estavam presentes no ginásio já gritavam: “ É campeã”.
Veja aqui: O Baile de Favela em Liverpool
– Fico muito feliz que essa série tenha me dado a medalha de ouro. Quem entende a dificuldade que uma pessoa preta atravessa sabe como é. Eu tive muita ajuda para chegar até aqui, dos meus vizinhos, que me emprestavam dinheiro, de dormir na casa dos outros antes de competir. Essa série representa minha história, minha luta e espero continuar fazendo história. – desabafou Rebeca após sua apresentação de Solo.
Por ser uma prova tradicionalmente dominada por Estados Unidos e Rússia, Rebeca novamente marcou seu nome e seu país na história. Agora o Brasil faz parte do seleto grupo de oito seleções que já conquistaram o título de campeã no Individual Geral.
Lista de todas as campeãs no Individual Geral nos Mundiais:
1934 Budapeste – Vlasta Dekanová (Tchecoslováquia)
1938 Praga – Vlasta Dekanová (Tchecoslováquia)
1950 Basel – Helena Rakoczy (Polonia)
1954 Roma – Galina Rudiko (União Soviética)
1958 Moscou – Larissa Latynina (União Soviética)
1962 Praga – Larissa Latynina (União Soviética)
1966 Dormund – Vera Cáslavská (Tchecoslováquia)
1970 Liubliana – Ludmilla Tourischeva (União Soviética)
1974 Varna – Ludmilla Tourischeva (União Soviética)
1978 Estrasburgo – Elena Mukhina (União Soviética)
1979 Ft Worth – Nellie Kim (União Soviética)
1981 Moscou – Olga Bicherova (União Soviética)
1983 Budapeste – Natalia Yurchenko (União Soviética)
1985 Oksana Omelianchik (União Soviética) e Yelena Shushunova (União Soviética)
1987 Roterdã – Aurelia Dobre (Romenia)
1989 Svetlana Boginskaya (União Soviética)
1991 Indianópolis – Kim Zmeskal (Estados Unidos)
1993 Birmingham – Shannon Miller (Estados Unidos)
1994 Brisbane – Shannon Miller (Estados Unidos)
1995 Sabae – Lilia Podkopayeva (Ucrania)
1997 Lausanne – Svetlana Khorkina (Rússia)
1999 Tianjin – Maria Olaru (Romenia)
2001 Gante – Svetlana Khorkina (Rússia)
2003 Anaheim – Svetlana Khorkina (Rússia)
2005 Melbourne – Chellsie Memmel (Estados Unidos)
2006 Aarhus – Vanessa Ferrari (Itália)
2007 Stuttgart – Shawn Johnson (Estados Unidos)
2009 Londres – Bridget Sloan (Estados Unidos)
2010 Roterdã – Aliya Mustafina (Rússia)
2011 Tóquio – Jordyn Wieber (Estados Unidos)
2013 Antuérpia – Simone Biles (Estados Unidos)
2014 Nanning – Simone Biles (Estados Unidos)
2015 Glasgow – Simone Biles (Estados Unidos)
2017 Montreal – Morgan Hurd (Estados Unidos)
2018 Doha – Simone Biles (Estados Unidos)
2019 Stuttgart – Simone Biles (Estados Unidos)
2021 Kitakyushu – Angelina Melnikova (Russia)
2022 Liverpool – Rebeca Andrade (Brasil)
Para mais informações:
Eiki Yoshimura
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