Arquivo mensal: Novembro 2018

Clickbait no Congresso Internacional de Ciberjornalismo

O clickbait foi um dos temas abordados e em discussão no VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo (#6COBCIBER). O evento, que se realizou nos dias 22 e 23, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, teve como mote as ameaças ao ciberjornalismo.

Numa das primeiras sessões do #6COBCIBER, realizada às 12h15, ocorreu a apresentação de um estudo do Observatório do Ciberjornalismo, sobre a presença e peso do clickbait no ciberjornalismo. Fernando Zamith, professor da Universidade do Porto, e Elizabeth Saad Corrêa, professora da Universidade de São Paulo, no Brasil, apresentaram o estudo.

“Qual o peso do clickbait no ciberjornalismo português e brasileiro de informação geral e de âmbito nacional?”, foi a questão que deu início à realização do estudo, para o qual foi necessária a participação de uma equipa de 28 investigadores, entre eles estudantes de mestrado e doutoramento, professores e grupos de investigação na área do ciberjornalismo.

A metodologia passou por realizar uma análise quantitativa e qualitativa do conteúdo. Numa primeira fase, foram recolhidos e analisados todos os cibermeios portugueses e brasileiros de informação geral e produção própria, com conteúdo jornalístico e título próprio. Em seguida, criou-se uma amostra, através da seleção de 5 conteúdos de destaque, mais lidos e “topo da página”.

Numa fase final da análise, foram identificadas 5 critérios que alimentam o clickbait: o exagero, o engano, a especulação, a publicidade e o entretenimento. São estes critérios os que mais preocupam os investigadores, na medida em que são os que geram mais clickbait. Dentro delas temos também o sensacionalismo, a provocação, o escândalo e a tragédia.

O estudo concluiu que se verifica uma maior percentagem de clickbait nos conteúdos e nas notícias “Mais Lidas”, nos “Destaques” e no Facebook. De um modo geral, o clickbait tem um uso reduzido, tanto nos cibermeios portugueses como brasileiros.

A sessão teve a duração de cerca de uma hora e permitiu responder a questões do público, através da apresentação dos resultados e conclusões, retiradas do estudo “O clickbait no ciberjornalismo português e brasileiro”.

 

Pedro Matias, turma 3

#6OBCIBER: o clickbait português e brasileiro

 

Foto : Prof. Fernando Zamith e Prof. Elizabeth Saad Corrêa

No VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo (6COBCIBER), que decorreu nos dias 22 e 23 de novembro, as principais ameaças ao ciberjornalismo foram discutidas. Na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o clickbait mereceu destaque no primeiro dia de congresso.

Fernando Zamith e Elizabeth Saad Corrêa, da Universidade do Porto e da Universidade de São Paulo, respetivamente, apresentaram o estudo realizado em equipa e proposto pelo Observatório de Ciberjornalismo. Este consistiu em analisar o clickbait nos principais meios de comunicação portugueses e brasileiros, de forma a quantificar o seu peso nos media.

Para tal, foram reunidos 28 investigadores dos dois países, em que estão incluídos professores universitários e alunos de mestrado e doutoramento. Estes tiveram a tarefa de recolher conteúdos noticiosos em simultâneo de 36 meios de comunicação, 18 em Portugal e 18 no Brasil.

O clickbait é definido pelos investigadores como uma “estratégia de configuração estilística e narrativa de um conteúdo em media digitais com o objetivo de atrair a atenção do usuário para o clique num link”. Com a análise dos conteúdos adquiridos, foi possível estabelecer cinco dimensões em relação ao uso do clickbait: exagero, engano, especulação, publicidade e entretenimento. Em cada uma das dimensões há a divisão em vários componentes e indicadores, para melhor leitura do estudo.

Em relação a Portugal, verificou-se que os níveis de clickbait são baixos, já que existem apenas dois indicadores com uma frequência superior a 10%. Nos meios de comunicação escolhidos, as dimensões Exagero e Entretenimento foram as mais utilizadas. Para além disso, 9 dos 32 indicadores não apresentaram nenhuma ocorrência de clickbait.

Nos resultados brasileiros, os valores são ligeiramente superiores em relação aos de Portugal. Os indicadores que se destacaram foram o uso de títulos provocadores sem justificação, a adjetivação exagerada e a informação duvidosa.

O estudo conclui que o clcikbait em Portugal e Brasil são baixos, já que apenas dois critérios tiveram uma frequência superior a 10%. O clickbait usado como forma de entretenimento (por ex. conteúdos divertidos) e com o objetivo de exagerar um conteúdo informativo foram as que mais presença tiveram.

Os investigadores acreditam que tal acontece porque os meios de comunicação escolhidos são fidedignos, pelo que o clickbait parece estar mais presente nos media não convencionais. Para além disso, o facto de toda o estudo ter sido concentrado num único dia e a difícil comparabilidade dos conteúdos pode ter influenciado estes resultados.

Pedro Andrade Cruz 200904290 Turma 2

#6COBCIBER: “Em que medida é que a agenda jornalística é uma prerrogativa apenas do próprio jornalista?”

Manuel Pinto marcou presença no segundo e último dia do VI Congresso de Ciberjornalismo, na Faculdade de Letras do Porto. O professor catedrático da Universidade do Minho deu voz à conferência “As ameças ao (ciber)jornalismo que vêm do próprio campo jornalístico”, que teve como tema central a participação do cidadão no meio. 

Por volta das 11h30 de dia 23 de novembro, Ana Isabel Reis, membro da Comissão Organizadora, apresentou o orador e salientou a importância de se perceber quais as ameças que o (ciber)jornalismo enfrenta no próprio campo. Manuel Pinto, começou por agradecer o convite e inicia a conferência, ressalvando a importância do jornalismo na esfera pública, assim como perceber de forma as ameaças são preocupantes.

As ameças são vistas como entraves?

Manuel Pinto considera que atualmente “nós estamos perante um campo e uma atividade ameaçada, um jornalismo assediado”. As ameaças ao jornalismo, segundo o professor, têm uma carga negativa forte e levam a que, consequentemente, surjam atitudes de defesa. No entanto, Manuel Pinto aponta a importância de “uma atitude de levantamento, de crispação,” para conseguirmos refletir criticamente acercas destas ameaças.

O orador afirmou que a linha guia da conferência baseava-se em perceber “de que maneira é que estas ameças, estes problemas nos podem abrir portas para colocar outras perguntas e eventualmente procurar outras soluções e caminhos”.  Para Manuel Pinto, é um visão redutora pensar que os problemas do jornalismo são resolvidos unicamente através do próprio meio, sendo esta “uma reflexão autorreferencial do jornalismo”. Desta maneira, o orador acaba por encarar o jornalismo como parte do problema, mas também parte da solução.

O professor defende ainda que a situação atual do jornalismo tem de provocar nos profissionais inquietações e fazer com que estes se questionem acerca de colocação diferente perante o problema que têm em mãos. Parafraseando Abel Salazar, Manuel Pinto adaptou uma das suas frases e reitera que “o jornalismo que só olha para o jornalismo, nem para o jornalismo olha”.

Desafios preocupantes

O conceito de jornalismo de cidadão foi a primeira ameaça abordada na conferência. Segundo o orador, este movimento cívico foi a primeira grande intimação dos jornalistas e ainda continuar a ter uma papel bastante ativo na sociedade de hoje. Manuel Pinto questiona-se: “em que medida é que a agenda ganharia ou perderia em ser partilhada com os públicos do próprio jornalismo?”. No ponto de vista do professor, temos que separar “alhos de bugalhos” e o “trigo do joio” e “acautelar o que é jornalismo e o que não é jornalismo”.

Manuel Pinto é muito prático e simples na sua opinião, na medida em que afirma que “o privilégio do jornalista, de buscar a verdade, a todo o custo, incomodar o poder, verificar a informação e cruzá-la, investigar, etc. são tarefas que um blogger que por muito que se esforce na vida nunca poderá fazer com a competência, com o tempo e com a dedicação que um jornalista faz”.

Apesar do movimento cívico ter perdido a sua força inicialmente, no final dos anos 90 e início dos anos 2000, despoletou pois começaram a surgir ferramentas que permitiam às pessoas ter voz no espaço público: os blogs.

Não só so blogs como o aparecimento das redes sociais vieram “enriquecer a multiplicação dos polos de enunciação”. O discurso dos cidadãos aparece como “perigo público”, na medida em que “punham em causa o discurso vinculado a um protocolo de natureza ética e deontológica que são uma garantia da qualidade de informação”. O orador reitera que é preocupante que a maior parte dos cidadãos se informem através das redes sociais.

“Não podemos pensar no público apenas como audiência”

Um dos grandes problemas que afeta o jornalismo é o afastamento entre o jornalista e a sua audiência e o facto de o jornalista “não inscrever na sua agenda de preocupações as necessidades e as inquietações do seu público”. Para Manuel Pinto é fulcral pensar numa “cultura de escuta”, em que existe um desenvolvimento não só da competência da escuta, como também um desenvolvimento na capacidade perguntar.

O orador reflete que o modo como as perguntas são apresentadas é uma forma autoritária de impor as respostas do público, “como se não houvesse margem para a voz do interlocutor”. “A arte de escutar essa voz voz é fundamental (…), para ouvir não basta ter ouvidos”, afirma.

A esperança no jornalismo

Perto do fim da conferência, Manuel Pinto disse que a “transparências dos processos é tão importante como o sonho da objetividade que marcou gerações de jornalistas”. Esta transparência é fundamental para acreditar a informação e a confiança nessa mesma informação.

Ainda referindo o livro “Os Elementos do Jornalismo” de Bill Kovach e Tom Rosenstiel, o professor fez questão de salientar a capacidade que os autores tiveram em “captar a tendência” na 3º edição do livro, acrescentando mais um princípio relacionado com o papel dos cidadãos. “Nós nunca tivemos uma situação no passado em que todas as pessoas participavam. A crença de que as tecnologias iam abrir portas às dinâmicas de participação e que iria ser um céu, tornou-se um inferno”, brinca.

Manuel Pinto remata que apesar de existirem forças que desvalorizam a qualidade da informação, ainda existem “forças elites a lutar pela boa qualidade”. O orador acredita que o jornalismo salvou-se vai-se continuar a salvar porque no meio há pessoas a lutar pela qualidade e inovação. É necessário que os jornalistas partilhem as suas inquietações e caminhos de resposta para essas inquietações. “É importante debatermos-nos sobre determinados valores e perceber que isso se faz com os outros e não sozinhos”, reforça por último.

Após a conferência, o #6COBCIBER continuou com o estudo : “Tendências da investigação internacional em ciberjornalismo”, apresentado por Raquel Bastos e Fernando Zamith, ambos da Universidade do Porto. Nora Paul da Universidade de Minnesota encerrou o VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo.

 

Ana Rita Graça – turma 4

 

 

R2iC é apresentada no #6COBCIBER

Uma nova plataforma de estudo e pesquisa de jornalismo online foi apresentada no VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo. A R2iC promete a ligação entre profissionais do jornalismo online de todo o mundo e o desenvolvimento de novos projetos de investigação.

Fernando Zamith e Raquel Bastos no #6COBCIBER. Foto: Cristina Torres Santos

A R2iC – Rede Internacional de Ciberjornalismo – foi oficialmente apresentada no #6COBCIBER, que decorreu nos dias 22 e 23 de novembro, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. O objetivo foi, não só criar uma plataforma que reunisse congressos relacionados com o ciberjornalismo, mas também uma rede internacional de investigação sobre a temática.

No segundo dia do congresso, o estudo apresentado por Raquel Bastos e Fernando Zamith foi o que possibilitou o arranque da iniciativa. Com o apoio do Centro de Investigação em Comunicação, através da contratação de uma bolsa de apoio à investigação, a aluna de mestrado teve a possibilidade de aprofundar as “tendências da investigação internacional em ciberjornalismo”.

No site da R2iC, já em funcionamento, é possível ver o levantamento de autores e investigadores, artigos, livros e bases de dados relacionados com ciberjornalismo. Raquel Bastos recorreu a várias bases de dados (Google Academics, Web of Science, Scopus e Dimensions) de forma a identificar os autores e os termos mais citados em relação a jornalismo online.

De forma a organizar e estudar toda esta informação, a investigadora examinou as palavras-chave, ou keywords, concedidas às publicações até à data. Foram mais de cem artigos analisados na integra, já que nem todos as publicações possuíam palavras-chave associadas.

Raquel Bastos conseguiu totalizar 549 palavras-chave e em que as mais utilizadas englobam termos como Social Media, Interactivity, Fake News ou User-generated Content. Para além disso, a investigadora decidiu cruzar o termo Online Journalism com as restantes tendências da sua amostra e acrescentou dois termos – Artificial Intelligence e Fake News.

Com este levantamento, a investigadora observou o aumento do número de publicações relacionadas com ciberjornalismo a partir de 2008. Já em relação às duas palavras-chave adicionadas, é possível ver a variação no número de publicações, nomeadamente nos últimos cinco anos. Artificial Intelligence e Fake News destacam-se por serem objetos de investigação atuais, havendo ainda pouco material de estudo.

Na plataforma R2iC é também possível estar a par dos principais eventos realizados pelas instituições integrantes nesta plataforma. Desta lista destaca-se, para além do COBCIBER, o International Symposium on Online Journalism, no Texas, ou o Congresso Internacional de Ciberperiodismo, em Bilbau.

Investigadores na apresentação da R2iC. Foto: Cristina Torres Santos

Na lista de mais de 60 autores é possível ter acesso à página do centro de investigação de cada um deles, possibilitando o contacto direto com as instituições ou universidades. Como tal, a partilha de experiências entre professores, investigadores e profissionais do ciberjornalismo é viável. A plataforma também inclui faculdades, departamentos e cursos que concretizam investigações e especializações na área.

Desta forma, a nova rede permitirá a estruturação das tendências no ciberjornalismo, bem como a conectividade entre instituições, eventos e pessoal técnico da área do ciberjornalismo. O próximo passo, segundo Fernando Zamith, será criar “uma ligação ou interação para qualquer investigador que queira propor, de forma aberta, um projeto em equipa” relacionado com a temática.

 

Cristina Torres Santos – Turma 2

#6COBCIBER: O Clickbait no ciberjornalismo português e brasileiro

Teve lugar na Faculdade de Letras da Universidade do Porto ( FLUP), no dia 22 de novembro, uma palestra sobre o estudo do Observatório de Ciberjornalismo acerca do Clickbait no ciberjornalismo português e brasileiro.

   Foto: Ana Isabel Reis

Esta palestra, realizada no âmbito do VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo, foi  apresentada por Elizabeth Saad Corrêa, da Universidade de São Paulo, em parceria com Fernando Zamith, da Universidade do Porto.

Clickbait é o conteúdo, de natureza sensacionalista ou provocativa, cujo principal objetivo é atrair atenção e chamar usuários para um determinado web site.

De acordo com o investigador luso , este estudo “nasceu como proposta do ObCiber”. O desafio foi lançado a vários grupos de investigação e outros especializados no ciberjornalismo, a estudantes de doutoramento e mestrado, e professores, o que culminou numa equipa composta por 28 elementos. Elizabeth Saad Corrêa ressalvou “ a junção de tantos pesquisadores”. Zamith referiu ainda que  “ as primeiras fases foram recolhidas, falta a parte de extrair os resultados e colocar questões sobre as fragilidades, e entender se a metodologia foi a melhor”.

A palestra foi dinamizada por uma apresentação de diapositivos que explicava todo o processo por que os investigadores passaram. A apresentação iniciou-se com uma questão: “Qual o peso do clickbait no ciberjornalismo português e brasileiro de informação geral e de âmbito nacional?” e sucederam-se as várias etapas pelas quais o vasto grupo de investigadores lusos e estrangeiros passaram.

Esta pesquisa demonstrou que o Clickbait é superior no Brasil em relação a Portugal, embora ligeiro em ambos os países .Esta baixa frequência de Clickbait sucede-se, na opinião dos investigadores,porque os  “veículos avaliados ,em sua maioria, são grandes portais de notícias e sites de jornais impressos.Seguem uma cobertura factual, principalmente em notícias de política e economia,e em títulos factuais não há espaço para clickbaits”.

Este estudo, em que a concentração da recolha foi realizada num único espaço temporal, pois a “ diversificação do período de recolha poderia resultar em alguma diferença na análise”, demonstrou também que, de entre os analisados, o “Portal R7 é o que apresenta mais clickbaits, justificados pela sua linha editorial”.

A conferência deu-se por terminada após o público ter direito a fazer algumas questões acerca deste estudo aos investigadores.

 

Pedro Diniz

Up201706164

Turma 3

#6COBCIBER: as ameaças ao ciberjornalismo

A falta de tempo, a precariedade, as visualizações, a monetização e a dependência das métricas foram as principais ameaças debatidas no VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo, a 22 de novembro, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Convidados no debate das ameaças ao ciberjornalismo Fotografia por: Sofia Frias

Quando confrontados com qual seria, atualmente, a principal ameaça ao ciberjornalismo, os convidados ofereceram respostas diferentes. Miguel Soares, editor e coordenador das redes sociais na Antena 1, afirma que atingir o maior número de pessoas e de visualizações possíveis se tornou uma obsessão. Miguel explica ainda que existe uma preocupação em chegar mais rápido e ser o primeiro, em detrimento da credibilidade. As notícias são publicadas sem existir uma justificação ou validação da informação.

Já Pedro Miguel Santos, diretor do Fumaça, acredita que a falta de tempo leva a consequências na forma como as informações são partilhadas.

Para o diretor do V Digital, Sérgio Sousa, a dependência das métricas e a competitividade, em conjunto com a falta de tempo, são as principais ameaças ao ciberjornalismo. “Como transformar o trabalho em dinheiro”, é ainda outra das principais preocupações referidas pelo jornalista.

Sofia Branco, presidente do Sindicato dos Jornalistas, defende, logo de início, que não deve existir uma diferenciação entre jornalismo e ciberjornalismo. Para Sofia, a precariedade é a ameaça ao jornalismo. A jornalista acredita que não existem condições em Portugal para existirem freelancers, sendo que estes têm que exercer outras atividades, para além do jornalismo, para se conseguirem sustentar.

A salvação do negócio

Quando questionados acerca do papel dos jornalistas na salvação do negócio, relativamente ao financiamento do meio, Pedro Santos começou por afirmar que o Fumaça é uma associação independente sem fins lucrativos. O principal objetivo deste jornal é informar de forma transparente, sem esperar qualquer tipo de lucro “a nossa única preocupação é ter os recursos suficientes para fazer jornalismo, pagar salários e ter contratos”. O único retorno que este jornal recebe é através de donativos.

O diretor do Fumaça apela ainda para uma reformulação nas prioridades no meio jornalístico. Por sua vez, Miguel Soares acredita que o financiamento é importante, contudo não deve afetar o trabalho dos jornalistas.

Sérgio Sousa, ao contrário de Pedro Santos, defende que o jornalismo “tem que ser rentável, porque só há independência editorial se houver independência financeira”. Através da sua experiência pessoal, afirma que no V Digital existe uma estratégia de grupo, cuja finalidade é ganhar dinheiro. Declara ainda que o objetivo dos jornalistas é ter o maior número de visualizações, para estas serem transformadas em dinheiro.

Para Sofia Branco “o jornalismo começa a mudar quando os diretores de informação começam a ser os diretores da empresa”. Revela que o negócio tem sido mal gerido, defendendo que não deve haver mistura de funções. Acredita que os jornalistas devem ter acesso a todas as ferramentas necessárias para abordar a informação de forma correta. A jornalista demonstra ainda preocupação com a taxa de 60% de abandono da profissão.

Sérgio Sousa, quando confrontado com o tópico do jornalismo como um bem público, afirma que o Estado tem que ter um papel essencial para permitir que o negócio seja exercido. Alerta ainda para a falta de atenção atribuída à política local, mencionando especificamente a pouca atenção atribuída aos órgãos de informação fora de Lisboa e do Porto.

Polígrafo, Fact-Checking e fake news

A última ronda do debate foi liderada por perguntas do público. A par do lançamento, no dia 6 de novembro, do primeiro jornal português de Fact-Checking, o Polígrafo, os convidados concordam com o objetivo deste jornal, defendendo que é essencial existir sempre a verificação da realidade.

“A credibilidade é fundamental no jornalismo” assegura Miguel Soares. Sérgio Sousa argumenta que os leitores devem ter em atenção as notícias e informações que consomem “não é ver uma notícia e acreditar”.

A presidente do Sindicato dos Jornalistas confessa que “a luta contra o tempo é algo usual”, e que gostaria ainda de ver o Fact-Checking dentro das redações “se pudesse haver uma espécie de backup nas redações, de duas ou três pessoas, que pudessem ver aquilo que sai e verificar se é realmente dessa forma”.

Quando questionados acerca do impacto que o Fact-Checking poderia vir a ter nas fake news, Miguel Soares, declara que o mesmo complicaria o trabalho, mas podia vir a ser uma forma de afirmação do jornalismo. Contudo, explica que é fácil uma notícia falsa ser espalhada pelo mundo, principalmente através das plataformas online. O jornalista critica ainda os leitores, pois estes não procuram por fontes fidedignas ou credíveis.

Pedro Santos garante que nunca existiu tanto acesso a ferramentas que permitem descrever de forma transparente a realidade, como existem agora.

Sofia Branco afirma ainda “não compro a ideia de jornalismo neutro, há influência da opinião pública”. A jornalista encerra o debate apelando à mudança da bolha fechada que é o jornalismo, que se aproxima mais das elites do que os cidadãos.

Sofia Frias, up2017003932, Turma 4

#6COBCIBER na FLUP: A ameaça do clickbait no ciberjornalismo português e brasileiro

O VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo, teve lugar na Faculdade de Letras da Universidade do Porto nos dias 22 e 23 de Novembro. Um dos temas tratados no congresso foi a ameaça do Clickbait mais precisamente no ciberjornalismo português e brasileiro.

Clickbait é um termo pejorativo que se refere a conteúdo da internet de natureza sensacionalista ou provocativa, cujo principal objetivo é atrair atenção e chamar utilizadores para um determinado sítio web.

A palestra “O clickbait no ciberjornalismo português e brasileiro”, decorreu no dia 22 de novembro no auditório 2 da FLUP, durante o VI Congresso Internacional de Ciberjornalismo. Foi realizada pelo Professor Fernando Zamith da Universidade do Porto, Portugal em parceria com a  Professora Elizabeth Saad Corrêa da Universidade de São Paulo, Brasil.

Este estudo sobre a presença e o peso do clickbait no ciberjornalismo nasceu por proposta do Observatório do Ciberjornalismo (ObCiber). O desafio foi lançado a vários grupos de investigação e outras personalidades que trabalham na àrea do ciberjornalismo, estudantes de doutoramento e mestrado, professores. O grupo de investigadores é composto por 28 pessoas.

Zamith admitiu que o estudo ainda não estava concluído. Apesar de as primeiras fases já estarem terminadas ( recolha e análise de dados ) ainda falta a parte de extrair os resultados, colocar questões sobre as fragilidades e discutir se a metodologia utilizada foi a melhor.

O estudo iniciou-se com a questão: “Qual o peso do clikbait no ciberjornalismo portugues e brasileiro de informação geral e de âmbito nacional?” e daí os dois professores começaram a explicar todo o processo realizado até ao momento, através de uma apresentação de diapositivos e a sua devida explicação. Os investigadores chegaram à conclusão que apesar de em ambos os países o valores nao serem muito significativos, o clickbait está mais presente no ciberjornalismo brasileiro.

Para finalizar, Elizabeth Saad Corrêa agradeceu a participação de todos os investigadores porque sem eles nada teria sido possível visto que as diferenças horárias e a distância podiam afetar o estudo.

Bárbara Ramos

As vantagens das redes sociais em discussão

 

A utilização das redes sociais é cada vez mais frequente, os Instagram Stories são uma ferramenta muito utilizada, passando pelas celebridades até aos jornalistas. Estas foram algumas das questões abordadas no Congresso de Ciberjornalismo.

O sexto Congresso de Ciberjornalismo realizou-se nos passados dias 22 e 23 de novembro na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e contou com vários especialistas que trataram de assuntos relacionados com o Ciberjornalismo e algumas questões relacionadas com o meio digital.

Uma das sessões do primeiro dia teve como tema o Ciberjornalismo e as Redes Sociais. Com a moderação de Paulo Frias, Jorge Vázquez-Herrero ,vindo da Universidade de Santiago de Compostela, começou com “O Uso dos Instagram Stories nos media”. Este é um meio que tem vindo a crescer, segundo Jorge, depois de um estudo de apenas um mês, verificou-se que a publicação de Instagram Stories cresceu 20,5% e o tema principal é o desporto.

A Universidade do País Basco trouxe-nos a questão dos jogadores de futebol e as redes sociais. As redes sociais têm sido realmente uma grande ferramenta de divulgação para as celebridades e neste caso, para os futebolistas, que são dos mais seguidos, pois dá uma grande vantagem para a sua própria imagem e para o seu clube.

“O futebol não acontece só dentro de campo”, os fãs cada vez mais têm poder e podem seguir os seus ídolos fora do campo, há uma maior ligação entre os dois, graças, claro, às redes sociais.

 

 

 

Paulo Eduardo Silva Lins Cajazeira ajudou-nos a compreender a ligação dos jornalistas com as redes sociais, nomeadamente o Instagram. Muitos jornalistas publicam nas redes sociais a sua rotina, alguns só as utilizam para a sua vida pessoal mas na verdade estas têm sido um novo meio para os profissionais.

A instantaneidade, a multimédia e a memória são algumas das vantagens das redes sociais para jornalistas, futebolistas ou para qualquer pessoa e cada vez mais são utilizadas nesta era digital.

Bárbara Romeiro, turma 1

 

 

#6COBCIBER: Participação e formatos colaborativos no Ciberjornalismo

No primeiro dia da COBCIBER, 22 de  Novembro, a Faculdade de Letras do Porto (FLUP) acolheu  diversas sessões e debates . Uma das várias sessões  paralelas abordou  a participação e formatos colaborativos no Ciberjornalismo.

A sessão moderada pela professora Helena Lima decorreu pelas 14h30, na sala 203. Foram apresentados três dos quatro estudos no programa da sessão.

Análise de comentários do Twitter para verificar a participação do leitor em notícias de impacto

Diretamente do Brasil, Rita Paulino, Professora na Universidade Federal de Santa Catarina, expôs os resultados do seu estudo de análise de redes sociais. Afirmou que o seu objetivo não era teorizar mas sim estudar uma área que tangencia o jornalismo, a pesquisa prática e a experimental.

O estudo focou-se em três casos: o suicídio de Carlos Cancellier, a prisão de Lula e a morte de Marielle. Relativamente a Lula,  a análise foi feita a partir do Twitter, onde a professora assegura que existem muitos mais posts. “Não pelas pessoas comunicarem entre si mas por exporem simplesmente a sua opinião”, explica. Nos 3 dias seguintes à prisão de Lula, foram recolhidos 77 mil tweets, provenientes de toda a  América Latina.

Rita Paulino explica como analisou os posts nas redes sociais para entender a reação da comunidade a notícias importantes. Foto: Cristiana Rodrigues

Os tweets analisados foram divididos em duas categorias: sentimentos bons e sentimentos maus. Expressões como “ cadeia, corrupção, corrupto, pena, condenação” encheram os tweets classificados como maus. Por outro lado “ golpe, cadê a prova, eleição sem lula é fraude, lula 2018, inocente, perseguido e fora Temer” marcaram os sentimentos bons. 

Rita Paulino considera que existe um padrão. Cinco meses antes das eleições já existia um sentimento contra lula e isso pode, de certa forma, explicar o resultado das eleições brasileiras.

Projecto P3: Evolução das tendências editoriais e formatos colaborativos

Docente da Universidade do Porto(UP) , Ivone Neiva Santos apresenta o projeto P3, partindo da sua fundação em 2010 através da colaboração da UP com o jornal  Público. Caracteriza a

Ivone Neiva Santos a apresentar o projeto P3. Foto: Cristiana Rodrigues

criação do P3 como ” um desafio que revela novas tendências” e cujo público alvo era, e ainda são,  os jovens.

O tema que apresentou recai sobre  o uso de Crowdsourcing como fonte significativa no P3. Para este estudo foram analisadas 16892 publicações, durante 5 anos do projeto- setembro de 2011 a Agosto de 2016. Verificou-se que o Crowdsourcing foi, efetivamente, a fonte mais frequentemente utilizada pelo P3, menos no 1º ano do projeto. A participação do público concentra-se na editoria opinião e galeria de fotos. 

A deslegitimização da vítima em casos de agressão sexual no discurso social

Double Victimization – a vítima sofre traumas não só com o caso e julgamento mas também pela forma como os media retratam o caso. É a primeira explicação da apresentação. Não é raro  encontrar comentários  de culpabilização da vítima em notícias relacionadas com casos de violação. Rosa Hernaiz, Elvia García e Ruth Stoffels analisaram essas ocorrências. Para tal, escolheram o caso de Pamplona, que aconteceu em julho de 2016, recolhendo comentários de dois jornais espanhóis: El país e El Mundo.

O seu estudo teve por base o estudo de Taylor em 2009, que refere táticas para culpabilizar a vítima.  Distingue as diretas, como  a utilização de linguagem negativa para descrever a vítima ou destacar a decisão da vítima de não denunciar os incidentes passados; e as indiretas, como destacar os problemas mentais, físicos e emocionais do violador ou destacar a situação financeira da vítima.

As docentes da Universidade de Tecnologia de Ciprus, no final do estudo, acrescentaram novas táticas, baseadas nos comentários analisados, como, por exemplo, as expressões ” a vitíma não resistiu” ou ” a vítima não se precaviu, colocou-se em perigo”.

Após a análise de um grande número de artigos e comentários, constataram que os jornalistas foram  imparciais e que apenas no discurso público existem elementos de deslitimização da vítima. Como recomendações para o futuro, afirmaram que estes casos ” não devem ser tratados como um problema isolado mas como um problema da sociedade.” Para além disso, não podemos cair no erro de ” acreditar em estereótipos e justificar agressões”.

No final das apresentações, existiu um breve momento de debate. A sessão findou com a explicação sobre a filtração ou eliminação de alguns comentários por parte dos jornais.  No El País existiam mais artigos mas menos comentários do que no El Mundo, porque o El País em alguns artigos não permitia os comentários ou, noutros, filtrava mais rigidamente os comentários.

 

 

 

Cristiana Rodrigues

Up201706370

 

 

#6COBCIBER: O Ciberjornalismo e as Redes Sociais

No passado dia 22 e 23 de novembro, o VI Congresso de Ciberjornalismo teve lugar na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. O Congresso contou com vários participantes e foram várias as temáticas abordadas, sendo a principal sobre as ameaças ao ciberjornalismo.

Na sessão que teve início às 11h15min do dia 22 de novembro, Jorge Vázquez Herrero, da Universidade de Santiago de Compostela, Orge Castellano da Universidade do País Vasco e Paulo Eduardo Cajazeira, da Universidade Federal do Cariri falaram sobre o papel crescente que, cada vez mais as redes sociais têm no ciberjornalismo.

Numa breve introdução, Jorge Herrero começa por apontar, como já foi referido, a utilização crescente da utilização das redes sociais em geral e, posteriormente e, por consequência, no ciberjornalismo. É apresentado um exemplo prático oriundo de um estudo realizado pelo mesmo. Este revela que em junho de 2018 mil milhões de pessoas utilizavam a rede social Instagram e havia 400 000 usuários diários ativos. Diz ainda que um estudo efetuado em janeiro e, posteriormente em março de 2018 mostra um crescimento de 20.5% da produção de “stories” nos média internacional em apenas dois meses.

Enquanto que Jorge Herrero se focou na rede social Instagram, Orge Castellano falou sobre o Twitter e o seu papel na vida dos futebolistas, neste caso específico de Cristiano Ronaldo e, de como ele usa esta rede social para se manter “perto dos fãs”.

Por último, Paulo Eduardo abordou o tema “The live narratives of audiovisual journalism in Instagram”, tendo como objetivo perceber as narrativas audiovisuais e como estas funcionam. Para isto, fez referência a um estudo efetuado por ele, entre o dia 10 e 31 de maio de 2018, no qual estudou caraterísticas como a instantaneidade, a memória e a multimédia, caraterísticas estas patentes no Instagram.

Em conclusão, há um reforço da ideia de que as redes sociais geram novas audiências e estas têm maior participação nos conteúdos.

Soraia Cotovio