No próximo domingo, dia 1 de outubro, cinco candidatos disputam a presidência nas eleições autárquicas do concelho de Valongo. As queixas ao atual executivo repetem-se: menos enfoque nas coisas grandes, mais atenção aos detalhes.
São cinco os candidatos às eleições autárquicas de 2017 em Valongo. Desde o Partido Socialista até ao Partido da Terra são várias as propostas apresentadas.
José Manuel Ribeiro, candidato pelo Partido Socialista é presidente desde 2013. Numa entrevista a Fernanda Pinto para o semanário “Verdadeiro Olhar” afirmou que durante os quatro anos do seu mandato, Valongo “deu um salto muito grande”. Além disso, se vencer, promete revolucionar o concelho e fazer do município o “mais transparente” a nível nacional.
Ao realizar obras em todas as freguesias, considera não ter discriminado nenhuma parte do concelho. Por outro lado, o candidato pelo Bloco de Esquerda, Nuno Monteiro defende que existem “freguesias de primeira e freguesias de segunda”, segundo a sua entrevista no mesmo semanário.
José Manuel Ribeiro, em resposta às críticas recentes feitas pela oposição considera que os mesmos se preocupam demais em “dizer mal do presidente da câmara”. Em Julho, o lançamento de um boletim informativo municipal levou a uma queixa na Comissão Nacional de Eleições apresentada pela candidatura PSP/CDS-PP. A CNE ordenou ao presidente da Câmara de Valongo para se abster de “promover a divulgação e distribuição de materiais que consubstanciem publicidade institucional proibida”.
O socialista disse à agência Lusa que “em relação ao Boletim Municipal vamos naturalmente respeitar a decisão da CNE”.
Pela primeira vez, o Partido da Terra candidata-se à Câmara de Valongo. O líder da candidatura é António Machado. Empresário no ramo imobiliário e licenciado em psicologia clínica afirma que “são as pessoas em primeiro lugar” e que “a segunda bandeira é o ambiente.”
Algumas das propostas do partido MPT passam pela colocação de painéis fotovoltaicos na rede de iluminação pública e no maior número de edifícios possíveis. Defende também a educação para a reciclagem e a substituição dos eucaliptos e pinheiros nas serras de Valongo por árvores autóctones e menos inflamáveis. Baseia a sua candidatura na preocupação com o facto de o foco se direcionar para “grandes coisas, grandes obras” pois considera que a atual presidência tem falhado nas “pequenas coisas” (nomeadamente passeios).
O candidato já teve outras experiências políticas, mas só este ano é que se tornou militante no Partido da Terra.
A CDU acredita que a sua representação no atual executivo teve consequências positivas. Adriano Ribeiro volta a candidatar-se e se não conseguir vencer, procura pelo menos a eleição de mais um vereador. Admite ter conseguido “pequenas vitórias para todas as freguesias.”
“Houve mais democracia” com a participação da CDU, refere o candidato em entrevista ao “Verdadeiro Olhar”. A existência de um vereador contribuiu para “que fossem dados passos importantes para resolver a falta de um parque desportivo em Ermesinde”. De acordo com Adriano Ribeiro, conseguiram também definir uma verba para que se iniciem os estudos da construção de um novo edifício para a Junta de Alfena.
Por fim, a CDU votou a favor de outras obras como as da Avenida da Igreja em Campo e a requalificação do Largo do Passal, em Sobrado.
Admite que o atual executivo foi positivo em algumas situações, dado que “a falta de maioria absoluta obrigou-o ao diálogo e a outra atenção sobre problemas importantes que tínhamos para resolver.”
Já Nuno Monteiro, representante do Bloco de Esquerda diz que acredita na sua eleição como vereador, procurando reforçar as posições do partido nos outros órgãos autárquicos. Tal como o candidato da CDU defende que a maioria absoluta seria prejudicial.
O bloquista concorda com o atual presidente no que toca à transparência no concelho, mas não considera que o município seja tão transparente como José Manuel Ribeiro faz crer.
Considera ainda que a agregação das freguesias de Campo e Sobrado “foi um erro”. Defende também que existe um “exagero na promoção de eventos e de festas” enquanto existem ao mesmo tempo passeios sem condições. Por fim, apoia a necessidade de espaços para a prática de desporto, espaços com internet para trabalhar e “uma biblioteca razoável”. Na sua opinião, o encerramento das urgências no hospital de Valongo foi uma perda para a população, pelo que defende que o Centro de Saúde de Campo tenha atendimento permanente até às 24h00.
Espera conseguir aumentar o número de deputados e acredita na possibilidade de eleger um vereador para, desse modo, “ter mais força para pôr em prática aquilo que achamos que é melhor para o concelho.”
Por último, temos o candidato Luís Ramalho, atual presidente da junta de Ermesinde, da coligação Unidos por Todos (PSD/CDS). O social-democrata classifica os comportamentos da atual presidência como “autistas e autoritários”. Candidatou-se à presidência da Câmara pois afirma pretender dar mais de si a todo o concelho e não só à freguesia de Ermesinde.
Realça que a câmara demonstrou muita falta de respeito para com as juntas de freguesia. Declara ainda que “durante quatro anos tivemos um concelho parado no que diz respeito ao desenvolvimento, à educação, ao desporto.” Para Luís Ramalho, “transparência é incompatível com mentira”.
Apesar de acreditar que irá vencer estas eleições autárquicas, admite que dificilmente vai existir uma maioria absoluta. E caso seja eleito afirma que a sua postura vai passar pelo reforço dos apoios às juntas.
Relativamente a algumas medidas do executivo socialista admite que “naturalmente que valorizamos o trabalho que foi feito na promoção da regueifa e do biscoito e, mais recentemente, do brinquedo, porque entendemos que são motivos de orgulho para a nossa terra, mas são medidas avulsas, sem quaisquer consequências.”
Se for eleito, promete daqui a quatro anos ter “um concelho que será uma referência na Área Metropolitana não só na educação, mas também, no empreendedorismo e no desenvolvimento económico e social.”
Os cinco candidatos realizaram um debate em direto, moderado por Vítor Santos, editor-executivo adjunto do Jornal de Notícias.
Rita Carvalho Ferreira