Palestra de Ciberjornalismo: O Futuro da Informação

 

Fonte: JPN

 

 

 

 

 

 

 

É certo que, com o desenvolver da tecnologia, o jornalismo teve de se adaptar à modernidade. Antigamente, as pessoas liam as notícias  com o objetivo de serem informadas. Hoje nas plataformas online, as noticias deixaram de ser meros textos informativos e passaram a ser rastilhos para rebentar a pólvora do debate.

Sendo que o consumo já não é estático, mas sim móvel (através de tablets, telemóveis, etc), a comodidade torna muito fácil qualquer pessoa comentar um dado acontecimento noticioso quando está no autocarro a caminho do trabalho. O conteúdo já não é portanto fechado; é sim aberto

Pode-se dizer que a própria audiência contribui para a notícia, o que abarca  benefícios e malefícios, dependendo da validade das informações que os utilizadores partilham. Cabe ao jornalista saber tirar proveito dos aspetos positivos que estas contribuições podem trazer. É já sabido que muitas pessoas publicam comentários inúteis e sem  qualquer réstia de verdade. Um bom jornalista, contudo, deve saber separar o trigo do joio, filtrar as informações e desagregar as dispensáveis das importantes.

O jornalismo de hoje não pode ser feito da mesma forma que era feito antigamente, em que as noticias eram publicadas periodicamente, nos jornais impressos. Se uma notícia tivesse algum erro, ou se houvesse alguma alteração no decorrer dos acontecimentos, o público só teria acesso à informação atualizada no dia seguinte. Na palestra do dia 4 de dezembro, que tomou lugar no pólo de CC, o professor João Canavilhas defendeu que na atualidade, no jornalismo online, o que os jornalistas devem fazer – e muitos não o fazem – é acompanhar o acontecimento sobre o qual estão a escrever e prestar atenção às publicações da audiência. Imaginemos que um cidadão está a presenciar um determinado episódio e publica nas redes sociais tudo o que vê e ouve. Sendo que este cidadão em particular está fisicamente presente no local e por isso as informações que publica são muito mais completas e fidedignas, seria prova de grande incompetência, assim como um desperdício se o jornalista não tirasse partido dessas informações em primeira mão. Mas é isso que efetivamente acontece em muitos casos; o jornalista publica uma noticia e não presta atenção ao que os cidadãos comentam, não actualizando a noticia de forma tão completa como poderia se explorasse melhor a potencialidade dos cidadãos para melhorar a atividade jornalística. Não significa isto que o jornalismo enquanto atividade profissional passaria a ser jornalismo de cidadão. Aliás, o professor da UBI, recusa por completo o conceito de jornalismo de cidadão. Significa sim que, sempre filtrando os dados, o jornalista faria um upgrade constante da notícia, facultando a mesma de maior veracidade.

Num mundo onde tudo acontece tão rápido e onde tudo é passível de mudança, seria inconsequente não explorar este conceito de sociedade liquida, em que o mundo deixa de ser estático e passa a estar em mudança constante e, consequentemente necessita de adaptação ininterrupta.

Tomemos como exemplo os mais recentes relógios da Apple, onde é possível aceder às redes sociais e visualizar noticias. O professor João Canavilhas afirmou, de forma muito plausível, que o facto de a tecnologia estar cada vez mais incorporada no próprio cidadão faz com que este usufrua dela mais vezes ao dia, por uma questão de comodidade e de hábito. As pessoas têm então acesso às noticias de forma quase espontânea. Isto resulta no fim do sistema pull, em que as pessoas procuram noticias por iniciativa, dando lugar ao sistema push, em que as noticias vêm até ao público de forma praticamente autónoma, forçando o jornalista a ser expedito na realização do seu trabalho e no update das informações.

Beatriz Arnedo