As III Jornadas ObCiber realizaram-se no passado dia 4 de Dezembro, no pólo de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto, subordinadas ao tema “20 anos de ciberjornalismo em Portugal”.
O programa, composto por várias sessões relacionadas com a temática do ciberjornalismo, incluiu um painel moderado pela professora Isabel Reis e composto por Luís Santos, professor na Universidade do Minho, Miguel Conde Coutinho, editor-adjunto do JN Online, e Tiago Dias, jornalista na agência Lusa.
O debate começou por abordar a transição “forte e violenta”, nas palavras de Luís Santos, do jornalismo feito com “tesoura e cola” para o jornalismo dos dias de hoje, caraterizado pelo uso da Internet e das novas tecnologias. Essa transformação está no cerne do aparecimento de três visões sobre o futuro do jornalismo: a visão mercantilista, que defende que desde sempre que novos meios substituiram outros e o mesmo irá acontecer agora; uma outra visão que defende que, com o aparecimento das novas tecnologias, os jornais de pequena dimensão tenderão a desaparecer; e a visão revolucionária de que tudo isto é “radicalmente diferente” na forma de produzir e apreender notícias. Para o professor da Universidade do Minho, o futuro do jornalismo tem potencialmente tantas coisas positivas como negativas. No entanto, “é preciso não esquecer que o jornalista, em mais sentidos do que um, empalidece quando não vai à rua” e isso não deve nunca mudar.
Miguel Conde Coutinho partilhou com a plateia o momento “avassalador” em que teve de fazer sozinho a cobertura inicial dos atentados de Paris de 13 de Novembro. Para o editor-adjunto do JN Online, o facto de hoje em dia a informação chegar a um ritmo muito mais rápido e de mudar constantemente torna o jornalismo num trabalho “fascinante mas terrível ao mesmo tempo”.
Para Tiago Dias, existem atualmente duas falhas no jornalismo em Portugal: a falta de honestidade, muitas vezes deixada de parte em nome do politicamente correto, e a falta de pensamento crítico, fator essencial para que haja inovação. O jornalista deu como exemplo o facto de o último Congresso de Jornalistas em Portugal se ter realizado em 1998 e, pior, “os problemas que se debateram na altura são os mesmos de agora, com exceção da parte tecnológica”. Miguel Coutinho criticou, ainda, a relutância face à mudança por parte de alguns jornalistas, apelando à necessidade de “tentar mudar por dentro o estado das coisas”.
A assistência teve ainda tempo para tirar algumas dúvidas, que foram desde o problema da falta de jovens nas redações à má utilização das redes sociais por parte dos jornais. No final, o professor Fernando Zamith deixou um desafio aos estudantes presentes: organizarem o próximo Congresso dos Jornalistas.
Maria Penha