Os festivais de música têm crescido em Portugal, sendo hoje procurados por milhares de jovens. Já são conhecidas as datas, os preços e alguns dos nomes que vão pisar os palcos portugueses em 2016. Fica a saber com o que vais poder contar no próximo ano.
Arquivo mensal: Dezembro 2015
Ciências da Comunicação recebe as III Jornadas ObCiber
No passado dia 4 de dezembro o Pólo de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto recebeu, pela terceira vez, as Jornadas ObCiber sobre ciberjornalismo. O tema da edição de 2015 foi “20 anos de ciberjornalismo em Portugal” e juntou alunos, docentes e profissionais da área em palestras e debates.

Fonte: Ana Marta Ferreira
O dia abriu com a conferência de Hélder Bastos, diretor do curso de Ciências da Comunicação e antigo jornalista (se um jornalista alguma vez deixa de o ser), pelas 11 horas e de nome “Duas décadas de ciberjornalismo: utopias, conquistas e deceções”.
O professor inaugurou a celebração dos 20 anos do ciberjornalismo a contextualizar o seu surgimento, a analisar o seu presente e a (tentar) prever o seu futuro. Hélder Bastos exerceu a profissão de jornalista até 2003 em grandes nomes da imprensa nacional como o Diário e o Jornal de notícias e a sua época de atividade abrange, exatamente, a entrada do conceito de ciberjornalismo em Portugal. O professor disse-nos que “quando entrei no jornalismo, ainda trabalhei com máquinas de escrever” e falou-nos da evolução abrupta dos meios tecnológicos que revolucionaram o jornalismo na sua prática, mas não necessariamente no seu conteúdo. Falou também à audiência dos medos e utopias que surgiram com a internet e as suas potencialidades. E quantos desses mitos se concretizaram? O diretor do curso de Ciências da Comunicação fez o rescaldo das últimas duas décadas do ciberjornalismo, das suas conquistas e falhanços.
O investimento das grandes corporações no jornalismo e das rédeas que lhe colocam foi um dos pontos fulcrais no discurso de Bastos. O professor acusa “a qualidade dos investidores e dos empresários no que diz respeito à proximidade do negócio e ao conhecimento do jornalismo deixa[r] muito a desejar” como um dos motores das deceções que se revelaram inevitáveis nestes últimos 20 anos.
Mas foi com uma nota positiva que Hélder Bastos terminou a conferência de abertura das III Jornadas ObCiber. “Always look on the bright side of life”, adaptando os propósitos dos Monty Python, foi a nota e o desejo final do discurso do docente, que abriu depois espaço para perguntas e debate.
Ana Marta Ferreira
O jornalismo em 2025: o que mudou na última década
O jornalismo é uma ferramenta fundamental no processo de formação de opinião e enfrenta a cada dia que passa uma fase de transição a aprimoramento para as plataformas digitais.
Em uma das palestras ministradas na III Jornada ObCiber, da Faculdade de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto, o tema abordado foi a evolução do jornalismo em uma década, entre 2015 e 2025 e fez com que alguns novos pontos de vista surgissem em mim.
O palestrante João Canavilhas me fez concordar e refletir sobre alguns pontos de vistas e abrir ainda mais a visão sobre como temos muito que esperar da interação das pessoas com o jornalismo online.
Dentre os temas abordados um me chamou a atenção. A mudança no consumo, na distribuição e nos conteúdos voltados ao jornalismo, numa comparação entre o passado, 2015 e 2025 é mais do que notável e imperceptível ao mesmo tempo.
É possível notar, por exemplo, que o consumo das notícias passou por uma transição do grupal, como na época do rádio, para a era do consumo individual, em 2015, quando cada vez mais os acessos são feitos em smartphones, e chegou na social, em 2025, quando o consumo de informações é feito dentro das redes sociais.
Foi possível perceber ainda que a distribuição das notícias tende a ser em 2025 instantâneas e ainda mais rápidas. A tecnologia possibilitou que ela deixasse de ser periódica (passado), adaptada (2015) e que chegassem em um segundo momento a instantaneidade (2025), ficando disponível a qualquer momento para seus leitores.
Penso que o real motivo destas transições é a preocupação do ciberjornalismo de estar onde as pessoas estão e de querer acompanhar a evolução dos seus leitores, criando um evoluído conceito de jornalismo online.
Uma análise muito válida e bem feita da parte do palestrante, uma vez que avançar 10 anos e olhar para trás é uma ótima maneira para se falar da história do ciberjornalismo. São hipóteses que poderão ser vistas e analisadas por nós, sabendo que daqui uma década estaremos aqui para avaliar como se deu tais processos de transição e transmissão da notícia.
Portanto é possível perceber que em 2025 a informação será adaptada ao utilizador e suas circunstâncias com conteúdos personalizados, abertos e instantâneos, uma vez que o jornalismo precisa de fato evoluir junto com seus leitores e permanecer onde as pessoas estão.
Gabriel Buosi
III Jornadas ObCiber: “O futuro do ciberjornalismo”
A Conferência da obciber, realizada na Faculdade de Letras da Universidade do Porto sob o tema “o futuro do ciberJornalismo”. Tratou-se de uma conferência em que estiveram em debate os novos desafios e também os perigos que se colocam ao futuro do jornalismo e aos próprios jornalistas. Esta conferência contou com a participação do investigador na área do jornalismo Luís Santos e com os jornalistas Tiago Dias e Miguel Conde Coutinho.
Os oradores convidados exploraram várias facetas do mundo do jornalismo: os vários cenários que se colocam para o futuro, os desafios e perigos que emergem nos próximos tempos, as questões da construção da profissionalidade do jornalista e da transformação da sua identidade profissional e as limitações, constrangimentos e obstáculos que se colocam hoje ao jornalista enquanto pessoa e ao desenvolvimento da sua ação profissional. Todas estas questões começam por ser enquadradas pelo investigador Luís Santos que faz uma contextualização da acão jornalística na contemporaneidade, descrevendo um mundo em grandes mudanças, com fortes características de imprevisibilidade e de grande mutabilidade. Passando para as questões do jornalismo salienta-se que estas mudanças gerais que se operam nas várias dimensões (económica, política e social) têm um forte impacto na ação do jornalista até porque o jornalismo se “alimenta” dessas mudanças, alterações e acontecimentos da vida real. A era das tecnologias da informação e comunicação com todas as suas transformações rápidas tem também um forte impacto na forma como se capta , se trata e se dissemina a informação. E é aqui que existe a grande revolução: por um lado o aumento das fontes de informação e, por outro lado, a velocidade dessa mesma informação. Este facto tem uma grande influência na forma de fazer jornalismo hoje e prevê-se que tenha mais ainda num futuro próximo. Luís Santos traz-nos três cenários possíveis para o futuro do jornalismo. Uma primeira visão a que o investigador designa por mercantilista e que é no seu entender uma visão pacífica e tradicionalista em que se entende que as mudanças são naturais e que decorrem, como sempre aconteceu, das leis da oferta e da procura, o nascimento de algumas organizações, a sua substituição ou o seu encerramento resulta essencialmente da lei do mercado. Uma segunda visão ou cenário em que se percebe que as coisas mudam porque o enquadramento de base mudou pois há mais competição. Neste sentido as organizações que estão num espaço intermédio e que são generalistas acabarão por desaparecer, ficando aquelas (grandes organizações) que conseguem responder às grandes massas e aquelas de pequena dimensão focadas em questões /públicos específicos. A terceira visão é que todas as organizações estão em perigo ao nível da sua sustentabilidade pois estamos perante um contexto novo em que tudo funciona diferente, ou seja, com novas lógicas. Podemos perceber pelas organizações/experiências que estão a emergir e que rompem com as lógicas padronizadas dominantes e que serão estas com novas ferramentas para apreender as informações, para as tratar e divulgar que acabarão por se afirmarem e agarrarem novas audiências num novo panorama bem diferente do que temos hoje. Luis Santos advertiu de alguns perigos a ter em conta nomeadamente a Bound Journalism , os plágios e repetição de informação e ainda as práticas dos jornalistas que não mantêm muito contacto com a realidade social exercendo o seu trabalho nos seus gabinetes. Estas práticas advêm como reforçou o orador das lógicas de competição e da velocidade de informação mas que importa rever pois a criatividade e o fazer diferente em jornalismo é uma mais valia para vencer nos próximos tempos. incerto e imprevisível num mundo em constantes mudanças. Os Jornalistas Miguel Conde Coutinho e Tiago Dias trouxeram a debate uma visão da prática dos jornalistas de hoje em que as exigências, os constrangimentos e as limitações no trabalho são muitas e que se não existirem mudanças a esse nível dificilmente poderão ser dadas respostas positivas às demandas da contemporaneidade, ou seja, aos múltiplos desafios cada vez mais amplos e complexos. Contando as suas experiências diárias mostram sobretudo as dificuldades com que se deparam tendo em conta a sua instabilidade profissional, a situação precária no trabalho, a cultura de um trabalho muito individualista e solitário, a falta de espaços de discussão e interação crítica entre os jornalistas e a pressão diária e a competitividade a que estão sujeitos. Estas intervenções conduziram a uma reflexão final entre os oradores e os participantes e em que se elencaram os vários constrangimentos da profissão e da ação do jornalista na atualidade e que terão repercussões futuras. Apontaram-se algumas estratégias de ação em que se salienta a necessidade de encontros que promovam a reflexão e o debate conjunto de modo a responder aos novos desafios e a perspetivar novas formas de atuação e reconfiguração de práticas de modo a fugir à tendência atual de rotinização de tarefas e à cultura de um certo individualismo, favorecendo o desenvolvimento da criatividade e de um trabalho colegial aspectos considerados cruciais para fazer face aos novos desafios no futuro do jornalismo.
Inês Fonseca Ferreira de Castro
III Jornadas Obciber: Mais um ano a fazer refletir sobre o Ciberjornalismo
Sexta-feira, dia 4 de dezembro, o pólo de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto recebeu, pela terceira vez, as Jornadas Obciber, que pretendiam celebrar os 20 anos de ciberjornalismo em Portugal.
Eram cerca de 15h30, quando, atrasado, começava o painel “Experiências Académicas”. O moderador, Pedro Jerónimo, apresentou os convidados, Anabela Gradim, Rui Barros e Afonso Ré Lau, diretora do Urbi et Orbi, Diretor do ComUM e antigo Colaborador do Jornalismo Porto Net, respetivamente. Todos estavam a celebrar a existência de uma comunidade jornalística ativa na sua universidade, embora estas se tenham formado de formas distintas.
Anabela Gradim, fundadora do Jornal Urbi et Orbi, revela que o jornalismo foi das áreas que mais cedo sofreu a revolução digital. Como tal, a Universidade Beira Interior não tirou tempo a perder e criou o seu jornal, como laboratório-escola para os seus alunos de Ciências da Comunicação, estando na web há 16 anos. O ComUM, por outro lado, explica Rui Barros, nasce do seio de alunos de jornalismo que pretendiam criar uma voz independente, aparte do jornal da sua universidade.
Já relativamente ao Jornalismo Porto Net, também este foi originado como um laboratório para os alunos de Ciências da Comunicação. Agora, contudo, cresceu ao ponto de funcionar todos os dias do ano e não apenas durante o ano letivo, declara Afonso Ré Lau, que assistiu de perto à comemoração dos 10 anos de JPN aquando do seu estágio.
Apesar de terem sido criados em condições diferentes e em pontos geográficos distintos, todos foram criados com um fim: dar voz ao jornalismo no ciberespaço.
Tal como o jornalismo tenta acompanhar todos os acontecimentos de interesse público, também seria natural que acompanhasse a revolução digital. Deste modo, desde muito cedo que os jornais e canais radiofónicos e televisivos têm vindo a construir plataformas web de notícias.
São claras as vantagens. O jornalismo pôde passar a ser imediato, tornou-se possível uma maior interatividade com o seu público, maior visibilidade pela mais fácil partilha de notícias, sem esquecer a forma fácil de plantar anúncios publicitários.
Se esta é uma vantagem para o jornalismo, que se consegue propagar e aumentar o seu público, também o é para o leitor. O leitor não precisa de esperar algumas horas ou um dia para estar informado, pode fazê-lo naquele preciso momento, esteja onde estiver, bastando uma ligação à internet.
Contudo, já há muito tempo existe o ditado “depressa e bem, não há quem”. De facto, o imediatismo do jornalismo online, pode dar origem a alguns perigos. O impulso de publicar notícias mal o “acontecimento acontece”, pensar antes em quantas partilhas e clicks a notícia terá, pode levar ao esquecimento. Esquecimento de confirmar as informações, algo fundamental neste ramo profissional. Num jornal periódico, o jornalista tem mais calma para escrever a sua notícia, tem tempo para falar com testemunhas, de ligar às suas fontes para confirmar as informações. Num jornal online torna-se mais fácil cometer o erro de não o fazer.
Não obstante, o ciberjornalismo tornou-se dos jornalismos mais cativantes e isso é impossível negar. Celebremos, por isso, as notícias ao minuto onde quer que estejamos, tal como o painel “Experiências Académicas” o fez, tornando o tempo de espera dos mais impacientes muito bem aproveitado.
Sara Felgueiras
III Jornadas ObCiber: A Adaptação do Jornalismo à Nova Realidade
O jornalismo, nos últimos 10 anos, tem sofrido mutações drásticas a vários níveis e que se desenvolvem a um ritmo alucinante. Atualmente, a televisão, a rádio e o jornal impresso já não ocupam o lugar central na difusão de notícias; estes meios de comunicação tradicionais foram substituídos pela Internet que se personifica nos computadores e nos dispositivos móveis. E a verdade é esta: quando queremos aceder à informação, mais depressa pegamos no smartphone, em vez de ligar a televisão, até porque na Internet, o conteúdo é atualizado quase de minuto a minuto e permite-nos filtrar a informação, consoante os nossos interesses. Se no Passado, o leitor ia de encontro às notícias, agora o fenómeno começa a reverter-se, pois, cada vez mais, as notícias é que vêm ter com o leitor.
O professor João Canavilhas, que na passada sexta-feira (dia 4) falou do futuro do jornalismo no Pólo de Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, defende que “o jornalismo tem que estar onde estão as pessoas”. Certamente que os órgãos de comunicação social mais tradicionais, caso não tivessem investido nos conteúdos online em permanente atualização e na criação de aplicações interativas, estariam a conduzir o futuro do jornalismo para o abismo.
Em 2015, estamos num processo de transição. Segundo projeções de João Canavilhas, dentro de 10 anos a informação será mais personalizada, instantânea e estará incorporada. Se por um lado, esta evolução possa revelar-se benéfica para os utilizadores, pelo facto de estar sempre presente e direcionar o conteúdo de forma exclusiva para cada um, também pode trazer aspetos mais negativos, na medida em que as empresas da comunicação detêm um controlo dos indivíduos muito grande, pois têm em seu poder informações pessoais sobre cada utilizador.
Na realidade, é preciso que os meios de comunicação se aproximem cada vez mais dos leitores e promovam a sua participação na produção de notícias. Os cidadãos podem desempenhar um papel muito importante no crescimento do jornalismo, pois, muitas vezes, são estes os primeiros a chegar aos locais e a recolher informações em 1ª mão. Os jornalistas devem filtrar a informação, pois só eles têm a competência para construir notícias, não descurando a função dos cidadãos que são das melhores fontes que um jornalista pode ter.
Rita Miranda
Porto: Jornalismo universitário nas III Jornadas do ObCiber
No dia 4, o evento dedicado ao ciberjornalismo recebeu três convidados para falar sobre jornalismo universitário e dar a mostrar os diferentes projetos no país.
O Painel “Experiências Académicas” reuniu três oradores para representarem projetos académicos de jornalismo de três universidades distintas: a Universidade da Beira Interior, a Universidade do Minho e a Universidade do Porto.
Os projetos
Anabela Gradim, docente da Universidade da Beira Interior, falou enquanto Diretora de Urbi et Orbi, o projeto mais antigo de ciberjornalismo universitário em Portugal. A docente ressalvou a publicação initerrupta do jornal, hoje na edição nº 828, que surgiu em fevereiro de 2000 como laboratório de experimentação para os estudantes, permitindo-os trabalhar como numa autêntica redação. Anabela Gradim, co-fundadora do projeto, falou da sua preparação em 1999, imbuída numa web de passagem do milénio, e falou nele enquanto “laboratório-escola” e meio de divulgação da própria universidade.
Rui Barros, estudante da Universidade do Minho (UM), também falou de ComUm como laboratório de experimentação académico. O jornal da UM “nasceu em 2005 por vontade dos alunos. Já havia na altura meios de comunicação dentro da Universidade, mas os alunos quiseram criar um projeto alternativo, que desse espaço para outras coisas.” Este caráter desconforme e inovador está presente no seu slogan “Sê ComUM, pensa diferente”. Rui Barros destacou a importância de projetos de aprendizagem como este: “Time you enjoy wasting is not wasted time”, referindo que o tempo que passou e passa no jornal, não é tempo gasto mas sim tempo investido.
Afonso Ré Lau, antigo aluno da Licenciatura em Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), falou no JornalismoPortoNet (JPN), fundado a 22 de março de 2004, que sempre existiu como laboratório de experimentação e sempre se assumiu como jornal digital, fazendo uso de todas as ferramentas e funcionalidades do meio. Sob a supervisão de professores, falou no período de intensa atividade do jornal, que se transforma numa redação como qualquer outra no 2º semestre, quando alunos do curso lá fazem estágio.
Envolvimento dos alunos nos projetos
Quando questionados acerca do modo de captação de estudantes para os projetos, todos concordaram com o facto do nível de entusiasmo e envolvimento ter decrescido. Anabela Gradim explicou-o da seguinte forma: “Os alunos há 15 anos estavam pela primeira vez a ver os seus textos online. Hoje já estão habituados a gerir e criar conteúdos.”
Para a docente, é ainda assim importante denotar que “os jovens estão nas redações e estão também nas notícias.”
III Jornadas do ObCiber
O evento III Jornadas do ObCiber decorreu no passado dia 4, sexta-feira, no pólo de Ciências da Comunicação da FLUP, na Praça Coronel Pacheco. O programa contou com diversas conferências ao longo do dia que refletiram o papel do meio cibernáutico no jornalismo e fizeram reflexões para o futuro do mesmo. O evento contemplou a entrega de Prémios de Ciberjornalismo 2015. Incluiu ainda a apresentação dos livros “Ciberjornalismo de proximidade”, de Pedro Jerónimo, e “Origens e evolução do ciberjornalismo em Portugal: Os primeiros vinte anos (1995-2015)”, de Hélder Bastos, encerrando um evento de entrada livre que explorou o ciberjornalismo em Portugal.
Mafalda Rodrigues
Ciberjornalismo: Pedro Jerónimo lança livro
Pedro Jerónimo apresentou na sexta-feira o livro Ciberjornalismo de proximidade resultante da sua tese de doutoramento no polo das Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Na sexta-feira, 4 de Dezembro, Pedro Jerónimo apresentou o seu livro Ciberjornalismo de proximidade resultante da sua tese de doutoramento na III Jornada Obciber. A tese apresentada na Faculdade de Letras da Universidade do Porto teve a cotação máxima por parte do júri presente em 2014 e encontra-se agora disponível gratuitamente na LabCom, para que todos possam ter acesso à mesma, “o conhecimento só faz sentido quando partilhado” justifica o autor.
Como o próprio título indica, o que fundamenta esta tese é o seu grau de profundidade e proximidade com os factos narrados. Com uma visão crítica apurada, o jornalista procurou responder algumas das questões que se encontravam ainda por completar, tais como “que tipo de conteúdos produz o cyberjornalismo?”. O objetivo como o próprio refere é “retirar o máximo de verdade possível”, para tal foi-lhe útil a experiência e o contacto com a realidade vivida em diferentes redações portuguesas.
As conclusões retiradas deste estudo revertem-se em algumas decepções “o percurso do cyberjornalismo em Portugal é primitivo” afirma, incentivando aos estudantes de jornalismo presentes que estejam atentos e analisem se o jornalismo “está a ser bem feito” ou se é feito “inconvenientemente”. Isto é, que façam “cyberjornalismo de proximidade ou local”.
Jessica Nunes
201404554
III Jornadas ObCiber: “Isto é jornalismo?”
Na passada sexta-feira, 4 de dezembro, o pólo de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto foi palco da terceira edição das Jornadas ObCiber. O tema em destaque no evento foi a celebração dos 20 anos do ciberjornalismo em Portugal, e abriu com o balanço do professor Hélder Bastos sobre estas 2 décadas de existência.

Programa das III Jornadas do ObCiber, no pólo de Ciências de Comunicação. Os 20 anos do ciberjornalismo em Portugal foi o destaque do dia.
O diretor do curso de Ciências da Comunicação iniciou as jornadas com uma reflexão acerca das utopias, conquistas e deceções que marcaram a evolução deste ramo do jornalismo que, segundo Bastos, surgiu de forma muito repentina.
Com a aceleração tecnológica e a expansão da Internet as ferramentas de trabalho do jornalista deixaram de ser exclusivamente o telefone e a máquina de escrever e deram lugar ao computador. “Em pouco mais de meia dúzia de anos os jornalistas passaram daquela imagem romântica do século XX para aquelas ferramentas que jamais pensamos usar”, afirmou o autor.
As potencialidades desta nova plataforma cativou a atenção de muitos entusiastas, que defendiam trazer uma maior qualidade ao jornalismo, como notícias “contextualizadas” através de conteúdos multimédia e a criação de novos modelos de negócio, isto é, fontes de receita.
Este avanço realmente contribuiu para os média passarem a ter um alcance global e instantâneo e as novas ferramentas de trabalho permitiram ao jornalista “contar histórias que até aí não lhe era possível” salientou Hélder Bastos. Mas se muitos acreditaram veemente na capacidade deste ramo outros nem tanto e chegaram até os mais conservadores a perguntar “Isto é jornalismo?”.
O professor da Universidade do Porto lembrou ainda que muitas das expetativas iniciais não se cumpriram e que, na verdade, o imediatismo característico do ciberjornalismo e ainda a necessidade de ter um grande número de visualizações levou os editores a promover um “populismo noticioso”, desvalorizando os critérios jornalísticos e consequentemente, a qualidade jornalística.
O problema mais transversal a estas duas décadas de ciberjornalismo em Portugal é, para Hélder Bastos, a questão dos modelos sem negócio. Com a constante diminuição do investimento publicitário nos média online ainda não se conseguiu encontrar um modelo rentável que garanta o financiamento necessário, “ainda se anda à procura do Santo Graal”, diz.
No final da conferência o professor partilhou o temor de futuramente o jornalismo online se tornar “inofensivo para os poderes estabelecido, irrelevante no contexto da democracia e do debate público”, mas rematou com um tom de esperança: “20 anos é muito pouco, daqui a 100 anos falamos”.
Ana Rita Costa
III Jornadas ObCiber: “Vamos profetizar o jornalismo?”

João Canavilhas na Conferência sobre o futuro do Ciberjornalismo
No passado dia 4 de Dezembro, o polo de Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto recebeu as III Jornadas do ObCiber. Pelas 11:30h da manhã, o professor João Canavilhas, investigador da Universidade da Beira Interior (UBI), levou os ouvintes numa viagem até ao futuro, catapultando-os para o ano de 2025.
A sua prospeção assentou em 3 eixos base: consumo, distribuição e conteúdos. Transversais a estes 3 eixos, surgem os conceitos de nicho e de individualização, postulando que “é melhor servir bem os ‘nichos’ do que servir mal as massas” e que “o homem é o homem e as suas circunstâncias” para que a plateia entenda a dimensão da mutação que o futuro reserva.
Quer seja de assustar ou não, é certo que as mudanças vieram para ficar. De facto, se olharmos para o passado, ao nível do consumo, passamos de um contexto grupal, estático e periódico, para um contexto individual, móvel e diferido. Isto é, se antes se liam as notícias no café com os amigos, num suporte físico e estático como um jornal, com uma periodicidade inerente, hoje o leitor lê-as sozinho e em qualquer sítio, através dos seus tablets e smartphones, diferidamente, ou seja, a qualquer hora. Ao analisarmos a transição do contexto passado para o presente, é de esperar que, no futuro, se torne num contexto social – o facto de, hoje em dia, os próprios órgãos de comunicação estarem presentes nas redes sociais, demonstra a ideia de que “não vale a pena fazer bom jornalismo onde não houver leitores”; incorporado, ou seja, o consumidor “veste” os dispositivos e estes funcionam como uma extensão do corpo; e “always on”, isto é, o utilizador está constantemente à espera que aconteça algo.
Do ponto de vista da distribuição, o professor João Canavilhas, através da mesma técnica de comparação, evidenciou que existiu uma transição de um sistema pull (em que o utilizador procura os conteúdos), local e periódico, para um sistema misto (o utilizador procura informação específica mas também tem acesso naturalmente, através das novas tecnologias de comunicação), global e adaptado – o sistema de cookies intervém neste aspeto, tornando o que é instantâneo, adaptado ao seu destinatário. Assim, espera-se que no futuro se esteja perante um sistema push, em que há uma seleção de quem/do que informa, a uma dimensão glocal, isto é, algo a nível local atinge um nível global, de forma instantânea, a que se prende a necessidade de triar a informação, já que esta surge de forma automática e instantânea.
Por fim, quanto ao eixo dos conteúdos, evoluiu-se de um conteúdo monomédia, fechado e massificado, isto é, de um conteúdo em suporte físico que não permite a intervenção do leitor e que é generalizado e não contextualizado, para um conteúdo multimédia, atualizado e temático – há diversidade de recursos, há intervenção do leitor ainda que condicionada e o contexto é dado através da segmentação mediática. Assim, perspetiva-se que os conteúdos se tornem imersivos, abertos e personalizados, isto é, através dos novos gadgets que funcionam como uma extensão do corpo, é possível imergir o leitor na notícia e no acontecimento como se este se encontrasse lá; é-lhe permitido [ao leitor] participar e é-lhe dada a devida creditação; por último, o conteúdo é escolhido em função do utilizador e das suas preferências.
No entanto, a questão transversal à evolução dos três eixos que aqui se coloca é: e a privacidade? Até que ponto não perde o utilizador o seu direito a selecionar que informações suas são públicas e as que não são? Por outro lado, surge ainda outra questão pertinente quanto à participação do leitor na produção noticiosa: até que ponto o jornalista “formado” tende a desaparecer se, num panorama global, qualquer um é passível de se tornar um agente noticioso?
Tal como João Canavilhas refere, em jeito de término, em 2025 um smartphone “saberá tanto ou mais de nós do que nós mesmos e do que quem nos rodeia”, numa Era em que a informação será adaptada ao utilizador e às suas circunstâncias.
Cabe, pois, ao leitor, refletir e decidir quais os limites que permitirá serem ultrapassados.
Comentário por Sofia S. Cruz